quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Textos perversos

["Mulher bailarina repousa", de Guto Maia]por Guto Maia * no Amálgama

O que como texto
Quero comer o que escrevo até me empanturrar. Até virar suco do que escrevo e não mais me reconhecer. Para isso, leio sem parar, tudo que me cai nas mãos. Recentemente, descobri o prazer de ler na tela. Maravilhoso. Sempre é preciso de tempo, esse algoz e cúmplice (depende, se estamos de frente ou de costas pra ele, se estamos indo ou voltando), que é o bem mais precioso que prezo e de que nem sempre disponho. E, também o mais desperdiçado por aí, no trânsito, nas filas, nos quartos sombrios, nas relações sem futuro, nas faculdades incompletadas por engano…

(...)O que como carne e osso
Hoje visitei seres virtuais, que são de carne e osso, como eu (como eu?). A tecnologia me transporta, mas quem me ensina são eles, de carne osso (não mais como eu, mas como texto! Como texto?) (...)
(...) O que como ferida
Um dia acordei, e vi que eu não era exatamente aquilo. Não queria ser exatamente somente aquilo. Não conseguiria jamais chegar a ser exatamente aquilo. Decididamente, eu não queria me tornar, viver e morrer somente aquilo. Então, fui sumariamente expulso de novo, por mim mesmo. Fui procurar minha turma de novo. Ou nova turma novamente. E, eis-me aqui de novo, batendo na tua porta… Voltei, agora pra ficar. Ficar? Ficar, o cacete! Certamente (ainda) não! Pensa que sou burro? Burro eu era no texto de cima. Agora não!

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