domingo, 30 de maio de 2010

INTERNET PARA VELHINHOS!

Guto Maia sobre Comunicação Online

Se não me falha a memória, escrevi algo a respeito há algum tempo, mas não me lembro onde guardei. Mas, dizia mais ou menos assim: "Se você tem mais de 50, e se considera um dinossauro, um dragão, um analfabeto digital, não se desespere, nem tudo está perdido. Se, seu filho o trata como um dinossauro, um dragão, sinta-se feliz, porque, na verdade, você não passa de uma largatixa!"

É absolutamente inadmissível que alguém ativo como você não domine o básico da comunicação online nos dias de hoje! Mesmo porque, a internet é didática e qualquer pessoa pode aprender solitariamente, como nos mais excitantes vícios solitários, se é que você me entende, e ainda se lembra como se faz isso.

Somos a geração mais privilegiada da Humanidade! Geração Ferrari: fomos de zero a cem em um segundo! Assistimos nesses 50 anos, o que o mundo levou milhões de anos para aperfeiçoar. Nunca o conhecimento e a informação evoluiram tanto e tão rapidamente. O filme das nossas vidas vai do mais puro non sense, até a mais alucinante aventura 3D. Antes da gente, parece que não havia nem sexo, nem drogas, nem rock'n roll (!) Ainda bem, que há várias gerações depois da gente tentando consertar o estrago que fizemos!

Há uma quantidade de gênios do pensamento, artes, ciência, música, literatura, esporte, e, principalmente, da comunicação, nossos contemporâneos, que podem ser adotados como referência. Antes, eles só surgiam de 100 em 100 anos! Isso, sem contar os gênios clássicos manjados de quando nem havia internet (e que tanto nos oprimiram!). Imagine, então, quantos virão pela frente nos próximos 5 anos?  Agora, é a hora! Senão, o futuro vai olhar pra você e perguntar: "Tá com medo? Por quê veio?"

A internet nada mais é do que a concretização do amor livre dos hippies, a democracia plena dos idealistas, a igualdade de classes, a liberdade amoral dos anarquistas, a transmutação dos alquimistas,  o impalpável dos esotéricos, a desmaterialização científica, o multiplicador de votos dos políticos, o improvável da ficção científica, a fantasia dos sonhadores, o anonimato dos voyers. Embora crie uma ética própria para cada trupe.

Nunca a imaginação atingiu os níveis inimaginávies de hoje. Golpistas e idiotas, acham que estão anônimos. Conseguimos o que queríamos! Agora, o que vamos fazer com tudo isso, são outros quinhentos. O mais criativo hoje em dia, não é mais só quem cria, mas quem sabe usar melhor o que foi criado. Quem atua, participa, repercute. Não adianta mais falar: "não é comigo!", "não estou nem aí!". O mundo cobra participação, engajamento, atitude proativa, socialização (pelo que os antroposóficos tanto lutaram). As redes sociais são o presente. O futuro vira presente e passado na velocidade de um trem-bala. Existe uma inteligêcia invisível que se move e pulsa, envolvendo a tudo que respira. Inteligência artificial.

Uma inteligencia artificial, porém, que é gerida pela inteligência humana. Isso dificilmente mudará nos próximos séculos. Gente se comunica com gente. Simples assim. Há séculos, um cara correu 40 quilômetros para dar um recado, e morreu. Hoje, quando teclo enter, alguém no Japão lê na hora. Isso é mágico! A solidão nunca esteve tão bem acompanhada!

Portanto, você não tem desculpa, mas tem saída.  Mãos e cérebro à ação. E, nem precisa levantar a bunda da cadeira!

(Nota do editor: Por falar em bunda, cadeira, no metrô de São Paulo tem um aviso assim:  

"Acento reservado para idosos acima de 60 anos..." 

Aí, eu penso: 

1. Existe idosos abaixo de 60?;
2. Acima dos 60, serei inexoravelmente obrigado a me considerar IDOSO?;
3. Não é o mesmo que dizer "acento para gestante grávida"?, ou, "acento para deficiente anormal"?, ou: "acento para pessoas portando crianças de colo nos braços"?
4. Acento para gordos com mais de 100 quilos.

Tomara que o Metrô tenha o bom senso de rever essa frase.)

Também, se nada acontecer, tudo bem. Estou apenas exercendo minhas prerrogativas de chatice da velhice senil.

Pedro e "O Peregrino a Caminho de Santiago de Compostela", 
estátua doada pelo governo da região espanhola de Castilla y León 
ao Parque da Juventude / SP.

sábado, 29 de maio de 2010

Caiu na rede é consumidor?

Comércio - Redes sociais

O social commerce é uma derivação do comércio eletrônico, porém com a ampla atuação das redes sociais como agente de vendas.

Por Felipe Morais
Desde que a internet surgiu, as marcas estão tentando descobrir como ganhar dinheiro com ela. Os portais de notícia começaram a explorar propaganda em banners, mesmo quando só havia 1 ou 2 milhões de pessoas, e as marcas começaram a explorar as vendas online, que é a forma mais rápida e simples de mensurar os investimentos na internet.
O tempo foi passando e a web cresceu. Logo pulamos de 2 para 70 milhões de usuários, um potencial de mercado enorme, mesmo que apenas 25% dos público compre.
Há muito espaço para crescimento e ganhos – prova disso é que em 2009 foram gastos 13 bilhões de reais nas lojas virtuais e, segundo o E-bit, existem diversos mercados onde o potencial de consumo não chega nem perto do potencial da web, como o mercado de luxo, por exemplo.
A influência que pessoas exercem sobre as pessoas é incalculável e incontrolável também. O conceito 80/20 (80% do que acreditamos nos é dito pelas pessoas e 20% pela mídia) nunca esteve tão em alta com a chegada das redes sociais, ferramenta que ajudou a disseminar e fortalecer a web 2.0 em todo o mundo.
As redes sociais são plataformas que ligam pessoas em diversos pontos do planeta com um gosto em comum. Sem a interação das pessoas, Orkut, Facebook, Twitter, MSN, YouTube e Sonico não passariam de simples sites. Redes sociais são redes de pessoas; pessoas conectadas através de uma plataforma de comunicação.
O Orkut mostrou que os usuários poderiam passar de passivos para ativos e os blogs deram uma “força” a esse novo movimento. Deu-se total poder ao usuário através dessas ferramentas e agora esse movimento não volta atrás.
Leia mais no Webinsider

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Bom Conselho!



Choro de Grátis toda quinta, no Teatro Coletivo!

Olá, amigos!
Espero vocês lá, hoje, e nas próximas quintas. Choro  com um time completo e músicos da pesada.
Por favor, divulguem.
Abraços
Diego Baptista.



amplie

Local: Teatro Coletivo
Quintas, às 21 horas
Rua da Consolação 1623,
Consoloação - São Paulo
Fone: 3255-5922

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu votaria nos. Sugestão: Junta de Governo. Um fiscalizaria o outro!

ENTREVISTA - Marina Silva

Apresentamos as propostas da Senadora Marina Silva, na entrevista exclusiva que a pré-candidata à Presidência, concedeu à Rádio CBN,  em 24/05/2010.

Marina Silva em entrevista exclusiva à CBN

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Eleições 2010 - Entrevistas

A CBN entrevista na segunda-feira, dia 24, a pré-candidata à Presidência da República pelo PV, Marina Silva. Além do próprio âncora Heródoto Barbeiro, participarão da sabatina Lucia Hippolito, Miriam Leitão e Sergio Abranches, comentaristas do Jornal da CBN, que farão perguntas sobre política, economia e meio ambiente.

Ouvintes e internautas são convidados a enviar suas questões pelo e-mail candidato@cbn.com.br.

O pré-candidato pelo PSDB, José Serra, foi o primeiro a ser entrevistado (veja na íntegra).
Em seguida, Dilma Rousseff, pré-candidata pelo PT, foi entrevistada (veja na íntegra)

sábado, 22 de maio de 2010

Rádio Matraca - 25 Anos de Abobrinhas, Música e Bom humor!

Oi, Laete e Alcione!
1. Como um dos 10 ouvintes da Rádio Matraca, (sou fã infiel há 25 anos), pai de ex-aluno uspiniano, ex-coraluspista, e apaixonado por Rádio;

2. Como trabalho com Comunicação e também sou músico e fã do Língua, e contemporâneo do Milton Parron (fui seu colega de turma num curso de piloto-privado, no Campo de Marte, vejam só!);

3. Fui convidado pelo Colégio Segmento para dar uma aula sobre Rádio, usando um programa como tema, para alunos dos Quintos e Nonos anos do curso Fundamental, e indiquei o Rádio Matraca (num arroubo de certa irresponsabilidade!), para que os alunos ouvissem nessa semana, e que conversemos sobre o que acharam, na próxima terça e quarta (25 e 26/05).
Dei o link do site para os programas anteriores também.

4. Pedido: se, vocês derem um alô para os alunos no ar, amanhã, durante o programa, eu ficarei imensamente grato, e com certeza a imagem de vocês vai melhorar muito na avaliação do Programa!

Beijos e Parabéns pelos 25 Anos! Nos vemos nas Bodas de Ouro!

Guto Maia

 *****

Fala Guto, beleza?
Obrigado por usar a RM em sua aula sobre rádio (coitados dos alunos!)
Adoraríamos "dar chauzinho" para eles, mas há dois problemas: 
1) o programa é gravado (gravação na terça anterior), com exceção do programa de aniversário de 25 anos, de 24/04, que foi ao vivo; 
2) além disso, a USP está em greve e nem gravar estamos podendo, só estão indo reprises pro ar.
Abração. Continue na escuta!
 *****

Falou, pessoal!
Grato pelo retorno.
Câmbio e desligo.
Um grande abraço.
Guto

*****
Laert Sarrumor é formado em jornalismo, e fundador, cantor e compositor do grupo satírico-musical LÍNGUA DE TRAPO.
Alcione Sanna é formada em radialismo e atua na Rádio Matraca desde 98.

Ouça a Rádio Matraca

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Rousseff - Primeira Entrevista à CBN

Clique e ouça!


Dilma diz que indicação para cargos em agências reguladoras pode atender a requisitos técnicos

Notícias sobre Dilma na Rádio CBN


Entrevista de Serra na Rádio CBN

Nota do editor: Esta Campanha terá sua força determinada pela Internet:

    sexta-feira, 14 de maio de 2010

    Os últimos dragões

    Colunista incorpora a ficcionista e é mais verdadeira do que nunca ao tratar de sua necessidade de cultivar “vozes inaudíveis” em um mundo cada vez mais interditado para a escrita, sombras e outras belezas.
    Márcia Denser*


    (Como perder o tesão de escrever)


    Sou escritora profissional, 58 anos, 40 de carreira literária por vocação (inevitavelmente jornalista por deformação profissional) e estou prestes a desistir de tudo isso, isso que, para mim, era um prazer – embora não fosse absolutamente um prazer – antes um gosto de sal, um desejo de renunciar a toda escrita enquanto escrevo, porque já não escrevo quando penso em todas as circunstâncias adversas que tornaram a cidade um local profundamente insalubre (não bastassem as internas como o terror a inércia o terror o adiamento da verdadeira vida) para esta escriba, circunstâncias que me obrigam a esquivar-me, engendrar expedientes, me fazendo recuar, me acossar, restringir-me a este caderno e a este momento solitário em meu estúdio, quando subitamente percebo que é vital essa espécie de balanço e ajuste de contas, de levantamento das atuais circunstâncias sociais adversas, as mesmas que até há poucos anos me incitavam a prosseguir, mas que agora me remetem ao âmbito dum cerco que se instaura e te sitia, como um horizonte de cães, tornando insuportável simplesmente o ato de sair – sair no verdadeiro sentido da ação que ficou sem sentido, ação/contenção, ação/inação, ergo não age, não existe. Bom.

    Simplesmente sair, sentar num bar, pedir um drinque, acender um cigarro, abrir este caderno, simplesmente começar a escrever e lá ser deixada em paz com meu drinque, meu cigarro, minhas palavras, minhas ideias, concentrada sobre este texto que começaria se estendendo, espiando o início da noite, alheia ao ruído, perfeitamente concentrada e feliz e perseguindo as evoluções silenciosas eriçando-se de negros caracteres na fímbria dessa tessitura febril. Mas todas essas circunstâncias foram estancando, minguando, secando o fluxo da consciência, porque o cigarro já não é possível, donde o drinque fica meio chocho e este caderno, esta caneta tão anacrônicos, clamando por um laptop, por enquanto fora de cogitação, até porque não posso me dar ao luxo de perder ficção, foda-se o laptop, e logo eu, que gosto de beber meio além da conta e fumar compulsivamente, principalmente quando o trabalho deslancha, atenta unicamente a esta voz interior, o surdo ditado imperioso urdindo palavras, sentenças, períodos, determinando ritmo e andamento, acelerando vertiginosamente o sincopado o contraponto da ação em direção ao seu destino, buscando o verbo que as leve e o diabo que as carregue.

    Em linhas gerais, era disso que tratava meu mister de escritora, constatando desesperadamente que agora o mundo levanta muros, interdições e justo a mim, que me basta tão pouco – um bar, um drinque, um maço de cigarros, a cidade que anoitece, vozes inaudíveis, garçons, sombras esquecidas – aquele espetáculo de sombras passando ao nosso lado, porém vivendo num mundo paralelo – usando a metáfora de Conrad ao se referir às embarcações nativas ao cruzar as naus de Sua Majestade, só que, no meu caso, “do outro lado” estava eu: out and nowhere.

    Simplesmente aparecer em lançamentos de livros, encontrar amigos que conversavam e fumavam e bebiam – que não pintavam a contragosto por obrigação, mas como quem vai a uma festa – donde rosas, vinho, risos, êxtases, rupturas, controvérsias, imprevistos, dois ou três amores, saudades, ausências – e o monstro social de mil línguas flamejantes nos fazia renascer mais belos, brilhantes, engraçadíssimos, dada a inexistência de 1) seguranças; 2) café descafeinado; 3) cerveja sem álcool; 4) crachás; 5) metanfetaminas, garrafinhas d’água & iPod; 6) lanches e sucos naturais; 7) fones de ouvido; 8) telão; 9) atravessar incontáveis barreiras, avançar em meio a um dédalo de emoções inúteis; 10) Desacontecimentos Inc.

    Desacontecimentos lá fora, silêncio (desescritora) aqui dentro. Como naquele jazz, Out and nowhere.

    Da minha laia encontro um amigo cartunista: desenha e solta e espalha imagens em mesas com toalhas de papel, esboços balbuciantes que vão se alastrando, esboçando caras, focinhos, narizes, plantas que viram animais que viram monstros que se petrificam ou explodem em híbridas trepadeiras oceânicas conforme seus humores & universo pessoal: não desenha para se comunicar, mas pra mergulhar, desaparecer, descer buscando restabelecer contato com aquele mundo mais perdido e mais profundo que persegue interminavelmente oceânico. Ele também recusa, também nega qualquer aceitação das presentes circunstâncias adversas e sem tesão, daí subverte as convenções de superfície forrando-as totalmente com respostas sem perguntas: Out and nowhere, fora e em nenhum lugar.

    Assim como ele, me sinto tão longe e absurdamente tão próxima do mundo, dos outros, da vida, do ano de 2010, dum bar na Vila Madalena onde alguém senta ao meu lado e pergunta se estou escrevendo um novo livro e nesse caso porque à mão? Coisa mais antiga, compra um laptop, fone de ouvido, aí sim você fica muito mais out and nowhere (sic), mas não devia fumar, aliás aqui é proibido, saca, é proibido em todo lugar, se liga, apaga isso, não dá mole pro segurança, pede um suco de acerola, tigela de açaí, taí o convite do lançamento do meu novo livro, vai ser na Fenac, das 19h às 21h, vão ter umas leituras, conto contigo, convida aí teu amigo, coquetel, claro, chás e sucos bem natureba, e vê se não atrasa porque fecha.

    Ficamos olhando ele ir embora com aquelas roupinhas, aquele topete eriçado bico de pato de quem acabou de abrir uma franquia do FransCafé no Iraque, eu e meu amigo cartunista, ficamos só olhando, assim, sem palavras.

    Nós, os últimos dragões.
    PS: O cartunista amigo meu - o outro dragão - é o Luiz Gê.


    *A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), A Ponte das Estrelas (1990), Toda Prosa (2002 - Esgotado), Diana Caçadora/Tango Fantasma (2003,Ateliê Editorial, reedição), Caim (Record, 2006), Toda Prosa II - Obra Escolhida (Record, 2008). É traduzida na Holanda, Bulgária, Hungria, Estados Unidos, Alemanha, Suiça, Argentina e Espanha (catalão e galaico-português). Dois de seus contos - O Vampiro da Alameda Casabranca e Hell's Angel - foram incluídos nos 100 Melhores Contos Brasileiros do Século, sendo que Hell's Angel está também entre os 100 Melhores Contos Eróticos Universais. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, é pesquisadora de literatura, jornalista e curadora de Literatura da Biblioteca Sérgio Milliet em São Paulo.

    terça-feira, 11 de maio de 2010

    Serra na Rádio CBN - primeira entrevista


    clique aqui para ouvir 


    DOIS EM CENA: Serra, na rádio CBN

     

    CONVERSA FIADA: Serra na CBN: ele está nu. Ou “levanta que eu corto"


    Serra na Rádio CBN
    BandSerra diz que BC não é a Santa Sé, mas descarta intervenção
    SÃO PAULO - Em entrevista à emissora de rádio CBN ontem, o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, voltou a atacar a política de juros do Banco ...
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    Notícias sobre Serra na Rádio CBN

    PBAgora - A Paraíba o tempo todoIntervencionista ou regulador?
    ... José Serra, ressuscitou o político ranzinza que estava adormecido dentro dele e ... da jornalista Míriam Leitão na entrevista que concedeu à rádio CBN. ...
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    Esta Campanha terá sua força determinada pela Internet:
    Forme sua prÓpria opinião!

    Entrevista com Marcelo Branco: “As redes sociais estão revolucionando o Jornalismo”

    a Victor Barone no Amálgama


    Eram 15h20 de terça-feira, 4 de maio, quando me acomodei no banco traseiro do veículo que levaria Marcelo D’Elia Branco para o Aeroporto Internacional de Campo Grande (MS), após ter participado do evento “As redes sociais na campanha do PT”. Gaúcho de Porto Alegre, 49 anos, Branco é ativista do software livre e foi por três anos diretor-geral da Campus Party Brasil, maior evento de internet do país. Recentemente, assumiu a missão de comandar as estratégias de redes sociais da pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. A entrevista, generosamente concedida durante os 20 minutos que separam a universidade sede do evento e o aeroporto da capital sul-mato-grossense girou em torno da relação entre as redes sociais, a política e o Jornalismo.
    *
    Amálgama: Como você analisa o momento atual da liberdade de expressão na internet brasileira?
    Marcelo Branco: Acho que a internet, com a mudança da legislação eleitoral, vai introduzir milhões de brasileiros na cena política. Não só como espectadores, ou como militantes, mas como voz ativa. Pessoas vão poder manifestar sua opinião através de textos, fotos e até através do áudio-visual. Acho que isso qualifica a democracia brasileira, pois coloca foco em pessoas que não teriam a oportunidade de se expressar de forma plena em uma campanha eleitoral. Acho que isso devolve aos apoiadores das campanhas políticas a direção sobre os seus rumos, pois a campanha na internet não consegue ser centralizada. O ritmo e a dinâmica da campanha vai estar muito em função do que estes apoiadores estarão fazendo na rede. As opiniões que eles colocarão na internet, nas redes sociais é o que vai direcionar os rumos da campanha. Acho que é muito importante para o aprofundamento da democracia brasileira esta possibilidade de indivíduos conectados em rede se expressarem sobre o momento político que estamos vivendo. Esta compreensão nova dos legisladores, de que a internet não é a mesma coisa que um meio de comunicação de massa por concessão pública, que precisava ser regulamentada de forma rígida, o entendimento de que a internet é um espaço de expressão individual, foi uma grande vitória para a democracia brasileira.

    Você aposta, então, na força da comunicação horizontal? Acredita que as pessoas nas redes sociais terão voz com poder suficiente para fazer frente à mídia tradicional?
    Sim. Acho que isso já está acontecendo, pois pela primeira vez a plataforma tecnológica do usuário, do público é a mesma que a do veículo. Se o veículo é uma rede de tevê poderosa e tem um blog, um Twitter, o público desta rede de tevê também tem um blog e um Twitter. Então, pela primeira vez, público, editores e empresas jornalísticas estão conectados na mesma matriz de mídia. Isso exige uma comunicação horizontal, um controle maior do público sobre as notícias que estão sendo publicadas. Este público vai poder intervir. Aquela soberba do jornalista ou do veículo de até mesmo destruir personalidades, atacar pessoas ou criar fatos, isso não é mais assim. Se um blogueiro, mesmo que seja de um grande veiculo, resolve atacar alguém de forma injusta, milhares de pessoas se manifestarão através de blogs e do Twitter, contestando aquela atitude. Uma noticia mal colocada poderá ser retrucada com fatos, vídeos, provas.

    Algum exemplo?
    Acho que isso aconteceu já nessa campanha, quando a Dilma esteve no ABC, falou sobre quem tinha fugido da luta e o jornal Folha de S.Paulo inventou uma frase dizendo que ela se referia aos exilados políticos. Isso foi contestado pela própria Dilma no Twitter. Ela foi lá e disse: “eu não falei isso”. Eles não levaram em conta, não deram bola. Aí, quando ela mostrou o vídeo do discurso, dando provas concretas, com fatos, de que ela não tinha falado nada em relação aos exilados políticos, pelo contrário, isso obrigou o jornal a reescrever aquele fato dizendo que a Dilma não havia dito aquilo que eles tinham publicado. Então, isso vai acontecer centenas de vezes durante a campanha eleitoral. A necessidade de que a verdade, os fatos desmintam possíveis noticias que interpretem mal uma realidade.

    Por outro lado, esta fragmentação da informação também esbarra na audiência. O microcosmo deste ambiente virtual terá voz ativa?
    Acho que o somatório destes microblogueiros sim. Mas é óbvio que audiência e credibilidade são coisas que se constroem ao longo do tempo. Então, quem tem ao seu lado uma coluna em um jornal diário tem mais chance de ter audiência na internet do que quem não tem. A internet não acaba com as desigualdades, mas acho que ela estabelece uma possibilidade de pessoas ganharem esta credibilidade na rede, influírem e muitas vezes pautarem os meios de comunicação. Isso tem acontecido nos últimos tempos. Vários fatos comprovam que a simples manifestação de pessoas nas redes sociais tem feito os veículos de comunicação corrigirem informações, em alguns casos até pautando estes veículos.

    Até que ponto é válido para o Jornalismo ser pautado pelas redes sociais?
    É um aprendizado importante. Que os jornalistas estejam sintonizados com a opinião dos leitores e não só com a opinião do dono do jornal. As redes sociais possibilitam esta relação na qual o jornalista precisa, cada vez mais, estar sintonizado com o público. Se o cara escreve num jornal, tem um programa na tevê, penso que ele não precisa se importar com o que o público está pensando dele. Ele se importa mais com o que o dono do veículo pensa dele, pois é desta forma que ele vai continuar trabalhando no veiculo. No caso da interação com as redes sociais é diferente. Se o cara começa a falar muita coisa que desagrada o público e esse público começa a se manifestar nas redes sociais, isso pode impactar na audiência do programa, da coluna, do espaço que ele tenha na mídia tradicional. Acho saudável para a comunicação essa possibilidade do jornalista ter a crítica e saber que nem sempre o profissional de comunicação é dono da razão. Muitas vezes, o público tem razão em relação à forma como está sendo feita uma cobertura e ele pode dizer: “olha, isso não está certo”. E isso tem acontecido. Os próprios veículos têm estimulado que o público faça a cobertura mandando informações, fotos.

    Você considera positivo o chamado “jornalismo cidadão”?
    Claro, acho positivo. A internet está questionando o papel do intermediário e não é só no jornalismo. Na indústria fonográfica foi assim. Ela fazia a intermediação entre o artista e o público. Toda a intermediação está sendo questionada. O jornalista intermediava a relação entre o fato e o veículo; e o veículo intermediava a relação entre o público e o fato. Então, tinha a intermediação do jornalista, que chegava com o fato no veículo, e do veículo, que intermediava este fato junto ao público. Hoje não. Hoje qualquer indivíduo em uma esquina com um smart phone nas mãos pode publicar algo. Se vai ter muita ou pouca audiência é outra discussão. Mas existe esta possibilidade. Então, o papel do intermediário, todo intermediário, tem que ser rediscutido. Acho que o papel do jornalismo pós internet, precisa ser rediscutido também.

    E como fica a qualidade, a precisão da informação?
    Isso é outra coisa que eu discuto. Quem garante que a qualidade de informação nos grandes veículos, nos grandes jornais, é boa? Quem sabe se a construção colaborativa de conteúdos não pode garantir uma qualidade melhor? Há o exemplo do próprio software livre. Os softwares feitos de forma comercial por grandes corporações são, sob o ponto de vista da qualidade técnica, muito inferiores aos softwares feitos por milhares de mãos, de forma colaborativa. Portanto, acho a notícia colaborativa interessante também. E o profissional não perde seu espaço. Ele terá a capacidade de elaborar textos mais articulados, artigos mais densos, que uma pessoa que não é profissional, que não tem formação nem experiência não conseguiria fazer. Esta cobertura do dia a dia será feita cada vez mais por pessoas que não tem a formação profissional em Jornalismo.

    Você tem posição formada quanto à obrigatoriedade do diploma específico para o exercício do Jornalismo?
    Acho que não há necessidade. Respeito a posição dos sindicatos dos jornalistas. Mas, como rato de internet que sou não posso concordar que o diploma seja um elemento chave para o Jornalismo, assim como não concordo que o diploma de analista de sistemas seja essencial para alguém exercer esta profissão. Fosse assim eu não poderia exercê-la, pois não tenho o diploma de ciência da computação e trabalho há 31 anos com isso.

    Como você se informa?
    Há 25 anos que eu não tenho tevê em casa. Então, nos últimos 25 anos não me informei pela tevê. Só assisto em quarto de hotel, em aeroporto. Eu lia jornais impressos até uns 10 anos atrás, mas tem quase isso que não assino nenhum jornal. Jornal eu pego por aí, mas não assino. Minha informação se dava, então, a partir da internet, dos portais, até três anos atrás. Foi quando passei a me informar exclusivamente pelo Twitter. Não que eu não leia informações da Folha Online, do G1, do Estadão Online. Eu leio o que eles publicam, mas a partir da minha rede de relacionamentos na internet. Pois as pessoas que a integram são relevantes, elas me mandam informações relevantes. Eu sigo jornalistas da grande imprensa, sigo amigos que não são jornalistas, mas que lêem muito o quê está sendo publicado nos portais. Mas, não busco informações diretamente nos portais. Acho que a era dos portais está acabando.

    O Twitter é uma boa base de dados para filtrar informações?
    O Twitter é o filtro perfeito. No twitter, se alguém me manda informação que eu não concordo eu paro de seguir. Então, se eu seguir 100 pessoas relevantes no Twitter – e hoje estou seguindo mais em função da campanha – estarei informado sobre tudo. E não significa seguir só aqueles com quem a gente concorda politicamente, isso é um erro. Tem fontes de informações que para mim são extremamente relevantes, mas que não concordam comigo em vários aspectos da política e da vida. Mesmo assim, são pessoas que trazem informação de qualidade. No Twitter eu não sou obrigado, como em um jornal ou um portal, a ver tanta coisa mal escrita, tanta coisa que eu não quero ler, mas que sou obrigado para chegar à informação que eu quero. O Twitter está fazendo uma revolução na comunicação, no Jornalismo, exatamente por ser o filtro perfeito. Eu só vou ler aquilo que as minhas fontes de informação, as fontes que eu considero relevantes estão publicando. Acho que isso é muito importante. Tem três anos que minha única fonte de informação é o Twitter. Se não vier pelo Twitter muitas vezes eu não fico sabendo.

    Como você analisa o uso das redes sociais pela política partidária? Muita gente desconfia da presença do político nestas ferramentas.
    É natural. As pessoas desconfiam dos políticos em todos os âmbitos. Na internet também, nas redes sociais também. É um novo espaço de convivência. Assim como as pessoas desconfiam das marcas e dos produtos, as agências de publicidade estão lá, presentes comercialmente no Twitter, no Orkut, no Facebook tentando posicionar seu produto. Com os políticos é o mesmo. É natural que eles queiram ocupar seu espaço nas redes sociais. Vai ter quem apóie isso e quem fique contrariado. Mas, nas redes sociais a gente segue e é amigo de quem a gente quer seguir e ser amigo. Essa é a diferença. Há pessoas que vão querer ser amigos no Orkut de políticos para ver o que eles estão fazendo. Há pessoas que vão querer seguir políticos no Twitter, pois consideram relevante acompanhar o dia a dia destes políticos. E há pessoas que não querem isso. As redes sociais são assim. É diferente do e-mail, onde você recebe um monte de informações indesejadas. As redes sociais são uma nova forma de relacionamento. Rede social não é só Twitter, Orkut ou Facebook. São novas formas de relacionamento que a humanidade está experimentando desde o surgimento da internet. É um novo espaço de convivência e cidadania. Então, é natural que a política partidária também se manifeste nele. Respeito e acho válido.

    Que tipo de postura um político pode adotar nas redes sociais visando às eleições que se aproximam e que pode condená-lo perante os usuários?
    Em primeiro lugar, ele vai ter que ter muita humildade. A humildade será muito importante. Esta comunicação horizontal exige uma mudança de postura por parte do político, pois ele vai ter que dialogar na mesma linguagem de quem o está abordando em uma rede social. Tem dois ministros, o Paulo Bernardo e o Padilha, que são tuiteiros inveterados. É muito normal a gente falar duas ou três vezes com eles por dia e ver que pessoas anônimas dão uma tuitada e eles respondem também. Imagine! Quando um brasileiro iria falar com um ministro? Quando um brasileiro falava com um senador, um deputado? Isso aproximou as pessoas e acho que a postura do político deve ser de interação e diálogo e não de soberba. Se ele ficar sempre com a razão, não estará interagindo, por isso a humildade é importante. Ouvir muito e levar em conta o que está sendo dito na internet.

    Sabemos que é impossível para uma pessoa pública responder a toda a demanda gerada em uma ferramenta de rede social. Como você analisa o papel das assessorias que ajudam estas pessoas a selecionar perguntas, respondê-las etc.?
    Acho que é uma nova área de atuação para os profissionais de comunicação. Tem o assessor que tuita pelo político – coisa que eu não condeno, desde que fique clara a participação da equipe, que ele não finja ser uma coisa quando é outra. Tem a assessoria que ajuda a organizar respostas, mas que conta com a participação direta do assessorado, que define o assunto e o que será dito. Um exemplo é a Dilma. Pelo menos até este momento em que estamos gravando, é ela quem está tuitando. O Twitter da campanha é outra coisa, mas o Twitter pessoal dela é uma reivindicação que ela tinha desde o ano passado e que teve a oportunidade de fazer agora. Mas é dela. Ela está decidindo durante a manhã o que ela vai tuitar. É obvio que a Dilma não é igual a mim, igual a nós que estamos o dia todo na internet. Ela tem um tempo limitado na rede. Ela não vai poder responder e interagir da forma que seria o ideal do manual do marketing social. Mas, ela expressa o que ela é na internet. Então, é natural que a Dilma não de tantas tuitadas por dia, mas ela está conseguindo ser ela mesma na internet. Foi uma opção dela, de não delegar à assessoria as suas tuitadas. É óbvio que a gente está pensando agora em ajudar a organizar esta demanda de interação, para que ela possa decidir o que vai responder, o que vai tuitar. Mas, até este momento, por incrível que pareça, é ela quem lê seus tweets e decide o que é relevante, o que vai postar.

    Apesar de ser um novo campo para a saturada área da comunicação social, apesar de gerar oportunidades de trabalho para muita gente, a assessoria em redes sociais ainda é vista com desconfiança no meio jornalístico. O jornalista é conservador quando se fala em novas tecnologias?
    Não posso generalizar, mas sim. Lembro que antes das redes sociais, da internet, o próprio uso do computador foi dificilmente assimilado pelos jornalistas. Usavam a máquina de escrever e, de repente, chega o computador. “Vou ter que aprender esta coisa nova!”. No início, nos anos 80, havia grande resistência dos jornalistas em usar micro-computadores. Eu tinha amigos jornalistas que se negavam. É a mesma coisa. Existe também uma questão geracional. Os jornalistas mais novos acham isso normal, vibram com a possibilidade das redes sociais. Os jornalistas mais antigos ainda têm uma resistência muito grande, uma desconfiança em relação às possibilidades geradas por elas.
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    sexta-feira, 7 de maio de 2010

    Beta Grande X Beta Pequeno!

    Toda interação será sempre saudável. Um aquário com Beta pequeno ao lado de um aquário com Beta grande, faz os dois ficarem invocados, crescem de tamanho para exibir força, mas nunca se tocarão. Mas também nunca ficarão apáticos... Blogueiros x jornalistas.